|
|
Projeto : “As Artes visuais dialogando com a literatura indígena” (Oficinas quinzenais de artes plásticas : desenho, pintura, gravura e teatro de sombras para estudantes de 9 a 13 anos).
|
Um projeto artístico visual que promove o conhecimento sobre povos
indígenas no Brasil por meio da literatura indígena: contemporaneidade, principais
autores, mitos, diversidade etnocultural e a influência das línguas indígenas sobre o
português do Brasil. “Em pleno século XXI a grande maioria dos
brasileiros ignora a imensa diversidade de povos indígenas que vivem no país.
Atualmente encontramos no território brasileiro 235 povos, falantes de mais
de 180 línguas diferentes. A maior parte dessa população distribui-se
por milhares de aldeias, situadas no interior de 677 Terras Indígenas, de norte a sul do território nacional.
Os mais de 230 povos indígenas somam, segundo o Censo IBGE 2010, 817.963
pessoas. Destas, 315.180 vivem em cidades e 502.783 em áreas rurais, o que
corresponde aproximadamente a 0,42% da população total do país.” Podemos
considerar tambem que muitos, por medo de preconceito racial, não se declaram
indígenas, o que nos garante que o
número apresentado oficialmente nas pesquisas de indígenas em cidades é no
minimo o dobro. Vale ainda ressaltar que segundo alguns levantamentos de
algumas entidades, como o Projeto indios na Cidade da ONG Opção Brasil e o
CIMI, existem no mínimo 5 etnias indígenas diferentes vivendo em meio urbano. Aprender
e saber usar a língua portuguesa na escola é um dos meios de que as
sociedades indígenas dispõem para interpretar e compreender as bases legais
que orientam a vida no país, sobretudo, aquelas que dizem respeito aos
direitos dos povos indígenas. Todos os
documentos que regulam a vida da sociedade brasileira são escritos em
português: as leis, principalmente a Constituição, os regulamentos, os documentos
pessoais, os contratos, os títulos, os registros e os estatutos. Os alunos
indígenas são cidadãos brasileiros e, como tais, têm o direito de conhecer
esses documentos para poderem intervir, sempre que necessitarem, em qualquer
esfera da vida social e política do país. Para os
povos indígenas que vivem no Brasil, a língua portuguesa pode ser um
instrumento de defesa de seus direitos legais, econômicos e políticos; um
meio de ampliar o seu conhecimento e o da humanidade; um recurso para serem
reconhecidos e respeitados, nacional e internacionalmente em sua diversidade;
e um canal importante para se relacionarem entre si e para firmarem posições
políticas comuns. A
introdução da escrita
Se a
linguagem oral, em suas várias manifestações, faz parte do dia-a-dia de quase
todas as sociedades humanas, o mesmo não se pode dizer da linguagem escrita,
pois as atividades de leitura e escrita podem, normalmente, ser exercidas
apenas pelas pessoas que freqüentam a escola e nela encontram condições
favoráveis para perceber as importantes funções sociais dessas práticas. Lutar
pela criação de escolas indígenas significa, entre outras coisas, lutar pelo
direito de exercerem atividades de leitura e escrita na língua portuguesa, de
modo a interagirem em condições de igualdade com a sociedade envolvente. A
escrita tem muitos usos: as pessoas, no seu dia-a-dia, elaboram listas para
fazer trocas comerciais, correspondem-se por cartas etc. A escrita, em geral,
serve também para registrar a história, a literatura, as crenças religiosas,
o conhecimento de um povo. Ela é, além disso, um espaço importante de
discussão e de debate de assuntos polêmicos. No Brasil de hoje, por exemplo,
são muitos os textos escritos que discutem temas como a ecologia, o direito à
terra, o papel social da mulher, os direitos das minorias, a qualidade do
ensino oferecido aos cidadãos, e assim por diante. Não
basta a escola ter como objetivos alfabetizar os alunos: ela tem o dever de
criar condições para que eles aprendam a escrever textos adequados às suas
intenções e aos contextos em que serão lidos e utilizados. O
aprendizado da escrita em português tem, para os povos indígenas, funções
muito claras: defesa e possibilidade de exercerem sua cidadania, e acesso a
conhecimentos de outras sociedades.. Um forte
argumento a favor da introdução do uso escrito das línguas indígenas é que
limitar essas línguas a usos exclusivamente orais significa mantê-las em
posições de pouco prestígio e de baixa funcionalidade, diminuindo suas
chances de sobrevivência em situações contemporâneas. Utilizá-las por
escrito, por outro lado, significa que essas línguas estarão fazendo frente
às invasões da língua portuguesa. Estarão, elas mesmas, invadindo um domínio
da língua majoritária e conquistando um de seus mais importantes territórios.
(Instituto Sociambiental) “Levamos em conta que a literatura indígena
ainda é pouco estudada em seu aspecto contemporâneo e, particularmente, em
seus aspectos fronteiriços. “A escrita é uma técnica. É preciso dominar
esta técnica com perfeição para poder utilizá-la a favor da gente indígena.
Técnica não é negação do que se é. Ao contrário, é afirmação de competência.
É demonstração de capacidade de transformar a memória em identidade, pois ela
reafirma o Ser na medida em que precisa adentrar no universo mítico para
dar-se a conhecer ao outro. (Daniel Munduruku,
doutor en pedagogia e autor de vários livros sobre a questão indígena). Com base
nestas referências, o projeto “As Artes
visuais dialogando com a literatura indígena” tem como objetivo principal
sensibilizar os brasileiros e o grande público à existência destes 230 povos indígenas no Brasil e à diversidade
de suas culturas.
|
|
|
Produto ou resultado final do projeto
|
Video conferência : um encontro entre alguns indígenas, alunos e público será organizada no dia da exposição para aprofundar a questão do diálogo entre todos.
|
|